Cultura de Representação

A originalidade e espontaneidade parece que estão dando o seu lugar a um tipo de representação que funciona como a marca pessoal voltada para um marketing de divulgação de alguém.

 

Estamos nos deparando em diversas situações com figuras produzidas, no lugar de determinadas individualidades, que impactam o ambiente conforme a intenção da produção que foi montada.

Em diversos setores da vida observamos esta necessidade de criar uma forma pessoal de se apresentar, haja vista certos artistas, apresentadores, narradores, políticos, leitores, atletas, profissionais das diversas categorias, bem como pessoas comuns que em seu cotidiano formam os seus arranjos, seja no vestir, no falar, no caminhar, no relacionamento, no jogar, enfim, no seu comportamento em geral.

Este complemento ao ser de cada um, tanto pode ser oportuno, quanto o seu contrário, pois irá impactar positivamente quando contribuir para o melhor das relações e, negativamente, quando causar constrangimentos em outros e deturpações em seus conteúdos.

Cremos que este recurso não é de todo necessário, apesar de sua produção ‘as vezes bem elaborada, pois a naturalidade dos atos chega a ser suficiente quando exibida com zelo, atenção, capricho, cuidado, interesse e, assim, sendo capaz de apresentar algo apreciável aos demais.

Todavia, a representação é um produto comercial que tem o seu valor numa cultura que valoriza o sensacionalismo e explora os sentimentos humanos como forma de auferir os seus bons resultados.

Talvez, seja hora de cuidar melhor do modo de se apresentar, a fim de não haver uma deformação daquele que está se expondo, bem como isto possa servir para incrementar positivamente o ato, gesto, atitude, informação, evento, causa, manifestação e tudo o mais que compõem o meio social.

A fala, o canto, o vestir, o gesto, o andar, o namorar, o relacionamento, o discurso, o se alimentar, o escrever, o se divertir, o jogar, enfim, as diversas condutas e comportamentos humanos, por si só, têm a sua beleza quando exercidos em sua condição natural e própria de cada um na busca de oferecer o melhor que for possível, sem apelações a recursos extravagantes, exagerados ou abusivos.